
O filme contrasta e, de certa forma, aproxima as trajetórias de Julie e Julia. Julia Child já é conhecida dos mais afeitos ao tema, mas foi Julie quem me chamou mais atenção. Sua admiração, como ela mesmo diz, é quase uma obsessão, mas as re-leituras de Julia, sua culinária e forma de cozinhar são acompanhadas de um balanço sobre sua própria vida no momento em que decide se colocar o desafio de preparar todas as receitas do famoso livro de Julia - Mastering the Art of French Cooking - em um ano, visando um objetivo a curto prazo.
Julie está insatisfeita com a mudança para o Queens e com seu emprego, quer ser escritora, mas convive com a má sensação de quem passou por constantes interrupções profissionais. Nesse contexto, busca encontrar algo que lhe dê prazer. As receitas de Julia Child passam a ser seu desafio, relatado num blog.
Não quero contar o filme todo para não perder a graça para quem ainda não o assistiu. Só gostaria de sinalizar alguns pontos que me chamaram a atenção na busca de Julie. Além da descoberta do prazer de cozinhar através das receitas de Julia e de sua admiração, Julie possui uma identidade e auto-estima fortes e o cozinhar lhe trouxe uma nova motivação, na verdade, para escrever. Seu ídolo é apenas um mito: existente, mas como um outro. Julie sabe o que quer para si, em seu cotidiano, para sua vida, ainda que inicialmente aparente uma personalidade frágil. Na verdade, não o é, só estava num momento ruim que, felizmente, sempre passa.
Outro dia postarei algo sobre Julia.
Veja o trailer no Youtube: